Sustentabilidade

Crédito de Carbono: Como Funciona e Seus Impactos

O mercado global de créditos de carbono tem impacto social, ambiental e econômico. Saiba como as empresas estão se adaptando e quais são as vantagens desse mercado.

Por: Time de Sustentabilidade da Raízen e Iniciativa Brasileira para o Mercado Voluntário de Carbono Data: 05/05/2023 Tempo de leitura: 12 Minutos

Você provavelmente já ouviu o termo crédito de carbono em acordos ambientais entre países, reportagens sobre a nova economia e iniciativas sustentáveis em empresas. Mas o que compõe esse crédito e qual é sua importância diante das mudanças climáticas?

Para entender a função desses certificados e como eles são comercializados por meio de regulamentações globais, vamos nos aprofundar no universo do crédito de carbono. Neste texto, você encontra informações sobre a origem dos créditos, os diferentes tipos de mercado, como são gerados e muito mais. Continue lendo.

 

Origem do crédito de carbono

A origem dos créditos de carbono está ligada aos esforços de setores da sociedade e da comunidade científica para conter o impacto ambiental da industrialização e o aquecimento global.

A criação da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, em 1983, foi fundamental para uma maior consciência coletiva. Ela pode ser entendida também como o primeiro alerta para a urgência de ações pelo meio ambiente a nível mundial.

Em 1992, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, no Rio de Janeiro, reuniu a comunidade internacional com a intenção de discutir questões climáticas. Um dos resultados da convenção foi a criação futura de um tratado internacional de colaboração dos países para a diminuição das emissões de gases de efeito estufa. Cinco anos depois, em 1997, o Protocolo de Kyoto deu um novo passo ao estabelecer metas para reduzir os níveis de emissões.

A proposta criou três mecanismos para ajudar os países e os setores privados a alcançar suas metas: o Comércio de Emissões, a Implementação Conjunta e o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), que já foi descontinuado.


Como o crédito de carbono é gerado?

Um crédito de carbono é gerado a cada tonelada de carbono que deixa de ser emitida ou é capturada da atmosfera. A partir de regras e metodologias previamente selecionadas e validadas, é analisado se os projetos estão realmente reduzindo as emissões.

Para gerar créditos, uma empresa deve tomar ações em seu fluxo de produção que substitua uma atividade que geraria emissões de gases de efeito estufa por uma outra solução que reduziria ou eliminaria essas emissões. Por exemplo:

  • substituição de fontes energéticas não renováveis por fontes renováveis, como energia eólica, solar ou de biomassa
  • redução dos níveis de desmatamento
  • restauração de biomas


A Raízen promove a economia de baixo carbono com um portfólio de energias renováveis. Estas substituem fontes de energias fósseis e consequentemente reduzem as emissões de CO2 para a atmosfera. Veja alguns exemplos:


Cada produto renovável da Raízen substitui um de origem fóssil equivalente, evitando emissões. Assista ao vídeo para saber como estamos descarbonizando a economia: 




Crédito de carbono: qual é a importância?

Cada crédito representa uma tonelada de carbono equivalente a menos na atmosfera.

Um exemplo prático para explicar a importância do crédito de carbono é a substituição de combustíveis em fábricas. Quando uma indústria deixa de usar recursos não renováveis, como o gás natural, e passa a usar biometano, ela emite menos gases geradores de efeito estufa. Assim, respeitando todos os demais critérios, é possível gerar créditos comercializáveis no mercado de carbono, desde que comprovada a adicionalidade financeira e os outros requisitos.

Dessa forma, a indústria em questão contribui com o crescimento de disponibilidade de créditos e participa ativamente de um dos maiores objetivos da agenda ESG atualmente: limitar o aquecimento global a 1,5 °C até 2050 e estabelecer a neutralidade de carbono.

E para atingir compromissos de neutralidade de carbono ou compensar as emissões residuais, empresas também compram os créditos de carbono para cumprir esses objetivos.

 

Crédito de carbono: quais são suas vantagens?

Ainda que a redução de emissão de gases de efeito estufa seja comprovadamente benéfica, entidades apontam problemas na implementação das propostas em escala global e morosidade no desenvolvimento desse mercado.

Vantagens:

  • Redução da emissão de toneladas de carbono na atmosfera
  • Ajudam países que não conseguem reduzir suas emissões
  • Benefício econômico: entrada no mercado de carbono representa ganhos financeiros para as indústrias do país.



Crédito de carbono e sustentabilidade: qual é a relação?

Com o aumento do desmatamento e com o baixo investimento em fontes de energia renováveis, torna-se cada vez mais urgente a criação de soluções para controlar as emissões de gases do efeito estufa na atmosfera.

Os créditos de carbono, portanto, são parte de uma série de medidas para reduzir esses impactos negativos.

A assinatura do Protocolo de Kyoto e, mais recentemente, do Acordo de Paris, são reflexos da urgência global em relação às alterações climáticas, que por sua vez são resultado direto do modelo de desenvolvimento adotado pelas nações – sejam países desenvolvidos ou em desenvolvimento.


Leia também: Pegada de Carbono: Desvende Suas Dúvidas

Qual é a diferença entre mercado regulado e mercado voluntário?

Créditos de carbono possuem naturezas diferentes em mercados regulado ou voluntário.

Como o próprio nome sugere, o mercado regulado de carbono é obrigatório, monitorado pelos governos e segue metas de redução das emissões de carbono para os setores envolvidos no mercado.

No mercado regulado existem duas formas de precificação dos créditos de carbono. A primeira é a taxa ou tributação, com preço da tonelada de carbono especificado pelo governo. A segunda é a precificação através de sistemas "cap and trade", onde os governos distribuem ou leiloam determinado volume de permissões de emissão (crédito) e permite a comercialização destas permissões entre empresas.

O mercado de carbono voluntário, por sua vez, depende do interesse de empresas, ONGs ou governos participantes em comprar e vender créditos de forma independente, a partir de metas de redução de emissões e compromissos voluntários.

Chamadas de Reduções Voluntárias de Emissões (VERS, em inglês), essas iniciativas não estão relacionadas à ONU, portanto, não são consideradas nas metas de redução de emissões dos países.

A interação entre os dois mercados ocorre quando mercados regulados permitem a compensação de parte das emissões de uma empresa através do uso de créditos de carbono voluntários.



Quem pode vender crédito de carbono?

De grandes companhias da área de energia a pequenos produtores rurais, qualquer empresa com projetos de redução de emissões, enquadrados nas metodologias existentes, podem gerar e comercializar seus créditos de carbono.

Para conseguir a certificação, é necessário prestar contas e demostrar adicionalidade financeira, bem como demais critérios de sustentabilidade. Existe um processo rigoroso de verificação das reduções de emissões, e os projetos passam por auditorias recorrentes, para comprovarem adequação à metodologia escolhida.

 

O potencial do Brasil para gerar créditos de carbono

De acordo com a consultoria Mckinsey, o Brasil pode gerar até 15% da oferta mundial de créditos voluntários baseado em soluções naturais, tendo grande potencial de contribuir com a descarbonização.

Em entrevista ao podcast Um Só Planeta, Henrique Ceotto, sócio da consultoria, reforçou a importância do Brasil nessa cadeia:

“Esta é uma das cadeias de grande potencial para o país. E o mundo vai precisar do Brasil para se descarbonizar, porque somos um dos países com maior potencial de offsets [mecanismos de compensação que focam nos incentivos positivos à mitigação e normalmente são voluntários]. E essa é apenas uma das cadeias. Em várias outras, também temos vantagens estruturais, e acredito que ainda, como país, não temos essa visão e essa clareza”, afirma Ceotto.

A Iniciativa Brasileira para o Mercado Voluntário, uma aliança de empresas brasileiras que tem a Mckinsey como parceira de conteúdo e a participação da Raízen, pretende acelerar o desenvolvimento do mercado de carbono voluntário brasileiro de alta integridade. Entre as outras empresas participantes estão Amaggi, Auren, B3, Bayer, BNDES, CBA, Dow, Natura, Rabobank, Reservas Votorantim, Vale, Votorantim e Votorantim Cimentos.

A iniciativa está focada em ajudar a escalar o mercado de carbono brasileiro voluntário para permitir que o Brasil e o mundo na jornada de descarbonização. Assim, pretende propor uma estrutura para uma entidade que apoie o país a desbloquear o seu potencial. Os três objetivos principais são:

  1. Promover ações para destravar a oferta de créditos de carbono de alta integridade no Brasil, que atenderão aos compromissos brasileiros e globais para o “net zero”.

  2. Facilitar o acesso e o conhecimento do mercado para os compradores.

  3. Tornar-se um think tank que contribua ativamente para a discussão internacional e apoie o estabelecimento de regulamentação local.

Essa iniciativa aproxima a Raízen de seu propósito de redefinir o futuro da energia e ser o melhor parceiro na descarbonização. Já somos referência global em bioenergia e a maior produtora de bioprodutos a partir da cana-de-açúcar, com enorme potencial para contribuir com a geração de créditos de carbono e sua comercialização.

 

Conheça mais sobre a iniciativa que tem a Mckinsey como parceira de conteúdo e é apoiada por grandes empresas brasileiras, para impulsionar o mercado de carbono brasileiro: https://www.brvcm.org/

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Para garantir a energia que move o mundo, temos um ecossistema integrado e
único de atuação: desde a produção e venda de energia renovável e açúcar a partir
da cana-de-açúcar, levando também essa energia para diversos cantos no mundo.

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