O que você sabe sobre etanol de segunda geração (E2G)? Esse biocombustível precisa estar na ponta da língua de quem se interessa por sustentabilidade e pela matriz energética brasileira.
O etanol de segunda geração (E2G) é como se fosse o integrante mais novo da família de fontes de energias renováveis. Quase um filho do etanol (E1G) e um primo do biogás. Vale a pena conhecê-lo.
Neste artigo, você vai aprender mais sobre o E2G, suas vantagens, como ele é produzido e por que ele é tão promissor para o Brasil.
Boa leitura!
O que é etanol de segunda geração?
O etanol de segunda geração (E2G), também chamado de bioetanol, etanol verde ou etanol celulósico, é um biocombustível avançado, feito a partir dos resíduos restantes do processo de fabricação do etanol comum (o etanol de primeira geração, E1G) e do açúcar.
É um produto que usa matéria-prima de baixo impacto ambiental que seria descartada e que tem excelente ganho logístico. Também é considerado um dos combustíveis com menor pegada de carbono do mundo!
Diferença entre etanol e etanol de segunda geração
Quimicamente, o etanol de segunda geração (E2G) é como o etanol de primeira geração (E1G). A grande diferença está na forma de produzi-los.
O E2G utiliza biomassa vegetal lignocelulósica, reaproveitando resíduos vegetais, como palha, folhas, bagaço, cavaco, entre outros. Na Raízen, essa biomassa é obtida a partir do que sobra do processo produtivo do E1G e do açúcar.
Por aqui, o etanol de primeira geração (E1G) e o açúcar são produzidos a partir da cana-de-açúcar, enquanto o E2G é feito da palha e do bagaço da cana-de-açúcar (resíduos da produção de E1G e açúcar). Os processos de produção são diferentes, mas os usos são os mesmos.
Leia também: Tudo sobre a importância e versatilidade da cana-de-açúcar
As vantagens do etanol de segunda geração
O reconhecimento do etanol de segunda geração se deve, principalmente, ao seu potencial sustentável.
Confira algumas características que tornam a produção e distribuição de E2G vantajosas:
- Baixa pegada de carbono
A pegada de carbono (footprint) é uma medida que avalia quanto um processo produtivo emite de carbono (CO2) ou outro gás equivalente na atmosfera.
O etanol de segunda geração tem uma pegada de carbono 30% menor quando comparado ao de primeira geração, e até 80% menor do que combustíveis fósseis, como a gasolina.
Portanto, além de ser renovável, o E2G é considerado um combustível limpo, porque emite menos CO2 na atmosfera. Entenda a diferença entre energia limpa e renovável.
Devido às recentes políticas que incentivam soluções energéticas sustentáveis, produtos com baixa pegada de carbono são valorizados e ganham um valor de mercado diferenciado, um prêmio monetário.
No caso da Raízen, o prêmio médio é de 70% sobre o valor do E1G – mas a companhia já chegou a registrar variações de 90% entre os etanóis. - Reaproveitamento de resíduos
Por utilizar os subprodutos do etanol comum e do açúcar, o E2G leva ao maior aproveitamento energético da planta (cana), o que resulta em uma maior eficiência agrícola.
Ainda, traz vantagem logística para a empresa fabricante e contribui com a economia circular. - Aumento da produtividade
Como o etanol de segunda geração (E2G) possui a mesma composição química e usos que o etanol (E1G), é possível aumentar sua produtividade em até 50%, sem aumentar o tamanho da área plantada, já que não é preciso nenhuma cana-de-açúcar a mais para produzi-lo.
Além disso, o E2G soluciona uma disputa presente no setor agroenergético sobre o uso da terra agricultável.
Há uma dualidade entre a produção de alimentos ou energia, mas o etanol celulósico não cria uma concorrência entre matéria-prima e alimentos, visto que os seres humanos não consomem celulose.
Assim, a área de plantio utilizada traz resultados econômica e socialmente favoráveis. - Protagonismo e liderança brasileira
O Brasil está em posição de destaque na produção do biocombustível com relação a outras nações, o que contribui para o desenvolvimento do país e o coloca como um dos representantes do mercado mundial de E2G.
Produção de etanol de segunda geração
A produção de etanol de segunda geração acontece por um processo altamente tecnológico de pré-tratamento da biomassa, hidrólise e posteriormente fermentação.
As estruturas vegetais têm alguns compostos básicos: lignina, celulose, hemicelulose, cinzas e água. A lignina é um composto estrutural de cadeia longa que confere rigidez à planta.
Para que possamos produzir álcool, é necessário disponibilizar os carboidratos (celulose e hemicelulose) e, para isso, precisamos quebrar ou soltar a lignina dos demais compostos.
Basicamente, o processo produtivo é o seguinte:
- Pré-tratamento
A biomassa é pré-tratada de forma que a celulose seja fracionada. Existem várias tecnologias para isso (como processo químico, que pode ser básico ou ácido, processo biológico, processo térmico e processo mecânico etc.). O intuito dessa etapa é disponibilizar a biomassa. Na Raízen, o processo é químico, mecânico e térmico. - Hidrólise
É a quebra da celulose e da hemicelulose em açúcares – glicose e xilose, respectivamente. Pode haver hidrólise química (mais barata e rápida, porém com rendimentos menores) ou hidrólise enzimática (é mais seletiva e pode atingir rendimentos elevados, mas tem reação mais lenta). Por aqui, o processo é enzimático. - Fermentação e destilação
São os principais processos e parecidos com o processo produtivo do etanol de primeira geração. A diferença é que a fermentação do açúcar xilose requer o uso de uma levedura geneticamente modificada. A planta de E2G pode realizar outras etapas secundários , como evaporação dos caldos, separação de sólidos, secagens, tratamento de efluentes, águas etc.
Na Raízen, as plantas de E2G foram projetadas para processar bagaço de cana-de-açúcar como matéria-prima, utilizando pré-tratamento ácido e térmico aliado a uma hidrólise enzimática.
Quais são os insumos utilizados para a produção do etanol de segunda geração?
Não são apenas os resíduos da cana-de-açúcar que podem ser usados para produzir bioetanol, sabia?
Ele pode ser obtido a partir de quaisquer vegetais. Outra opção são os vegetais com substâncias que podem facilmente ser convertidas em açúcar, como o amido, encontrado no milho e em outros cereais.
Como já citamos aqui, a matéria-prima que utilizamos na Raízen é composta de material lignocelulósico, graças à alta disponibilidade de cana-de-açúcar no Brasil.
Quem produz etanol de segunda geração?
O etanol de segunda geração pode ser feito de duas formas: em um parque de bionergia dedicado ou integrado.
No primeiro caso, a planta dedicada produz apenas o etanol de segunda geração. Já as usinas integradas, que é o caso da Raízen, fazem a produção numa planta que já fabrica produtos renováveis.
Em 2023, a Raízen é pioneira e única empresa do mundo a comercializar o E2G em escala global.
Saiba mais sobre as nossas expansões.
Etanol de segunda geração no Brasil: perspectivas para o futuro
A cada ano, surgem novas pesquisas e investimentos em tecnologias para alavancar esse biocombustível, que é muito importante para o setor sucroenergético e para a economia brasileira.
Projeções apontam que o etanol de segunda geração poderá ser mais viável economicamente a partir de 2025 e se igualar a produção de etanol comum em 2030.
É esperada uma ampliação do consumo mundial de etanol, sendo que o nível de aceitação de bioetanol está crescendo em diversos países.
O E2G tem grande potencial competitivo, não é apenas uma solução para reduzir o volume de gasolina importada pelo Brasil, mas também uma alavanca de exportações, além de impulsionar um ciclo de investimentos na química renovável.
Nesse sentido, o Brasil é uma grande porta de entrada para o consumo de E2G pelo mercado global.
Etanol de segunda geração Raízen: saiba mais
O mercado está começando a demandar, em escalas maiores, um biocombustível que a Raízen é a unica no mundo a produzir em escala comercial e de forma contínua. O potencial de produção da companhia nos próximos anos será de 2 bilhões de litros de etanol de segunda geração, considerando uma fabricação total de 4 bilhões de litros de E1G.
Além da unidade produtora de E2G em Piracicaba, já iniciamos a construção de outras oito unidades produtoras.
Paralelo a isso, a empresa prevê um plano de expansão com 20 plantas para os próximos 10 anos.
O etanol de segunda geração da Raízen possui certificação por dois grandes padrões internacionais de sustentabilidade, o Bonsucro e o ISCC (Certificação Internacional em Sustentabilidade e Carbono).
Ainda, a Raízen contribui ativamente com o RenovaBio, uma política federal que reconhece a importância estratégica dos biocombustíveis na matriz energética brasileira, tornando-a mais eficaz, sustentável e segura.
Grandes frutos do E2G da Raízen
Para se ter uma ideia da variedade de possibilidades, o nosso etanol de segunda geração (E2G) está presente tanto na composição de 100% das linhas de fragrâncias do Grupo Boticário quanto nos motores dos carros de Fórmula 1 da Ferrari.
Em 2022, a principal categoria do automobilismo do mundo passou a misturar 10% de etanol na gasolina para trazer mais sustentabilidade para o esporte. A mistura E10 é um passo inicial da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), que pretende que a Fórmula 1 tenha combustíveis totalmente sustentáveis até 2025.
E, por meio de uma parceria com a Shell, a Scuderia Ferrari utiliza em seus carros o Etanol de Segunda Geração da Raízen. Saiba mais sobre como estamos descarbonizando a maior categoria de automobilismo do mundo:
E aí, gostou de saber mais sobre o etanol de segunda geração? Aproveite e entenda mais sobre outras soluções da Raízen em renováveis.