O Relatório de Sustentabilidade de uma empresa é muito mais do que uma lista de ações ou números. É uma ferramenta importante de transparência e de comunicação da companhia com a sociedade, clientes, investidores, colaboradores e demais stakeholders.
Ele oferece uma visão uma visão abrangente da evolução da empresa, ao mesmo tempo em que oferece um olhar detalhado nos destaques de cada tema.
A Raízen publica relatórios anuais desde seu primeiro ano de fundação, em 2011. Mas o formato vem evoluindo junto com a empresa. Desde o report do ano-safra 22’23, a companhia está evoluindo de Relatório de Sustentabilidade para o Relatório Integrado – modelo que será obrigatório para empresas de capital aberto a partir de 2026.
É a partir dessa experiência que este artigo pretende ajudar leitores interessados em entender mais sobre este documento tão importante. Vamos lá?
O que é um Relatório de Sustentabilidade
Relatório de Sustentabilidade é um documento que as organizações utilizam para comunicar seus indicadores ambientais, sociais e de governança, além de suas práticas e metas relacionadas à sustentabilidade.
Ele é uma ferramenta de comunicação institucional, de gestão de negócios e de prestação de contas de temas não financeiros, que demonstra o compromisso da organização com a sustentabilidade ao mesmo tempo que faz um registro dos seus processos e estabelece objetivos futuros.
Assim, mais do que uma ferramenta de transparência, o Relatório de Sustentabilidade, é uma oportunidade de fortalecer e apresentar compromissos para a sociedade, clientes e investidores.
E o que é Relatório Integrado?
O Relatório Integrado é um passo adiante no Relatório de Sustentabilidade ou na mera apresentação de resultados. É uma forma de unificar o reporte das empresas nos temas financeiros e não financeiros.
Além de apresentar as políticas e ações na esfera de Sustentabilidade Ambiental, Social e de Governança, o Relatório Integrado mostra como a empresa cria e gera valor aos seus stakeholders ao longo do tempo.
A mudança de modelo será exigida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a partir de 2026 a todas as empresas de capital aberto. No relatório do ano-safra 22’23, a Raízen começou a se adaptar ao novo padrão, e já obteve mais avanços no Relatório Integrado de 23’24 publicado em 01 de agosto de 2024 e disponível no site da companhia.
A importância de um Relatório de Sustentabilidade ou Relatório Integrado
Não é só seguir uma corrente e fazer porque todos estão fazendo. O Relatório de Sustentabilidade é uma ferramenta importante para qualquer empresa que queira se posicionar como líder de negócio, com responsabilidade social e ambiental. Ele é o resultado da verdadeira liderança, que vem de uma gestão de sustentabilidade transparente e eficaz, que apresenta claramente os impactos gerados.
Através dos relatórios, uma organização pode compreender e gerir melhor seus impactos no ambiente e nas pessoas, e promover melhorias a partir daí. Para stakeholders, acessar o relatório da empresa a qualquer momento é um sinal de que a empresa se preocupa com os seus impactos e é transparente a esse respeito.
Além de gerar uma melhor reputação e lealdade à marca, o relatório de sustentabilidade oferece uma visão mais completa e comparável da gestão sustentável da empresa, complementando as informações financeiras. Isso facilita a avaliação das companhias tanto pelo mercado quanto pelos consumidores.
Benefícios de um Relatório
O principal benefício de um relatório é a transparência, pois permite que a organização comunique abertamente (e detalhadamente) suas práticas ao público em geral. Com o fortalecimento da reputação, as organizações podem acessar uma série de benefícios internos e externos.
Benefícios internos
A elaboração de relatórios de sustentabilidade pode trazer uma série de benefícios internos para as organizações. Em primeiro lugar, esses documentos promovem um olhar atento a possíveis desafios nas operações, por destacar a evolução em indicadores, como quantidade de emissão de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera ou déficit de grupos sub-representados em cargos de liderança.
A partir disso, as empresas podem implementar planos para reverter esses quadros, melhorando os números internos e, consequentemente, reportando ano após ano os avanços obtidos. Para isso, é importante que disponibilizem sempre um comparativo dos anos anteriores afim de que as evoluções sejam claramente demonstradas e as metas de sustentabilidade sejam continuamente ajustadas e aprimoradas.
Além disso, ao promover uma cultura sustentável, os relatórios contribuem para o engajamento dos colaboradores da empresa. Quem vê seu empregador comprometido com causas socioambientais tende a se conectar mais aos valores da empresa, o que aumenta a satisfação no trabalho.
Benefícios externos
Divulgar as práticas sustentáveis e os planos de ação ajudam na imagem da empresa. Ao demonstrar comprometimento com causas sociais e ambientais, organizações conseguem se destacar em um mercado competitivo.
Esse movimento atrai não só mais consumidores conscientes, como investidores que buscam empresas alinhadas a esses valores. Além disso, os relatórios também ajudam as empresas a cumprirem regulamentações, evitando penalidades e mantendo as operações em conformidade com o que a legislação determina.
Principais componentes de um Relatório de Sustentabilidade
Um Relatório de Sustentabilidade é construído de acordo com indicadores relevantes nas áreas ambiental, social e de governança. A seleção dos critérios varia de acordo com cada empresa e a particularidade de seus negócios.
Indicadores de sustentabilidade
A coleta de dados seguindo os indicadores priorizados de acordo com a materialidade é que vai gerar um relatório robusto. Muitas empresas escolhem adotar padrões e diretrizes mundialmente reconhecidos, como o GRI, que veremos adiante.
Entre os indicadores mais encontrados em relatórios de sustentabilidade, podemos citar:
- Emissões de carbono: qual foi a porcentagem de redução de emissão de gases de efeito estufa em comparação a anos anteriores e a metas futuras;
- Práticas de segurança do trabalho: números de acidentes de trabalho e ações de prevenção realizadas com colaboradores e comunidades nos entornos da operação;
- Políticas de diversidade e inclusão: atualizar números de diversidade da empresa e reportar ações realizadas para contratação e capacitação de profissionais diversos. Além disso, revisar ou acompanhar metas para os cargos de liderança;
- Capacitação de profissionais: quanto foi investido em treinamentos para capacitar pessoas colaboradoras, além de listar as horas totais de capacitação em todo o ecossistema;
- Investimento em infraestrutura: quanto foi investido em obras, construção de novas fábricas e expansão da marca em geral. Em um contexto de novas tecnologias, também é possível abordar investimento em IA generativa e equivalências.
Para todos os indicadores usados é importante que sejam materiais à atuação da empresa e que haja comparações com anos anteriores, para se ter maior visibilidade sobre a evolução em cada quesito.
Casos de sucesso e estudos de caso
Incluir casos de sucesso e estudos de caso no relatório é uma excelente forma de ilustrar as práticas sustentáveis da empresa. Esses exemplos validam as informações apresentadas e demonstram o compromisso da empresa em atingir as metas traçadas.
Os estudos de caso devem ser selecionados para refletir os desafios enfrentados e as soluções implantadas, mostrando claramente os resultados. Isso enriquece o relatório e mostra na prática os discursos apresentados.
Passo a passo para criar um Relatório de Sustentabilidade
O primeiro passo é justamente olhar para o mercado global e ver como grandes empresas estão fazendo os seus reports. Além de verificar os modelos, vale acompanhar que critérios estão sendo utilizados e quais as consultorias utilizadas.
Após essa etapa, é recomendável um olhar para dentro, com a revisão da chamada matriz de materialidade. Esse item serve para identificar os principais temas ESG das atividades de uma empresa para seus stakeholders no contexto de sustentabilidade.
A matriz pode ser atualizada com apoio de consultores externos e a realização de entrevistas com diversas fontes (especialistas, colaboradores, ONGs, investidores e outros negócios do grupo).
É a partir da matriz de materialidade que são definidos os indicadores-chave a serem analisados. Esses indicadores são geralmente vinculados às estratégias de sustentabilidade da empresa, alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que visam proteger o planeta e melhorar a vida de todos até 2030.
Após a definição dos indicadores e das metas em conformidade com os ODS, inicia-se a fase de elaboração do relatório de sustentabilidade. Nesse momento, é realizado um processo rigoroso de coleta e análise de dados, com o objetivo de monitorar o desempenho da organização em relação aos compromissos estabelecidos, assegurando que as práticas adotadas estejam contribuindo de forma efetiva para o cumprimento das metas globais de sustentabilidade.
Coleta de dados
A coleta de dados é uma etapa fundamental na elaboração de um relatório de sustentabilidade. Para garantir informações precisas, as empresas utilizam métodos e ferramentas específicas. Isso inclui revisão da matriz de materialidade, auditorias internas, pesquisas e análise de dados históricos.
Além disso, é importante que os dados sejam coletados de forma sistemática e organizada, garantindo a rastreabilidade das informações e facilidade da análise posterior.
Análise de dados
Após a coleta, a análise interpreta e apresenta os dados. Essa etapa envolve o uso de ferramentas analíticas para transformar os dados brutos em informações significativas.
A análise de dados não fica somente nos resultados alcançados, mas em áreas que necessitam de melhorias, ajudando a estabelecer metas futuras e planos de ações robustos.
Redação e design do Relatório
A redação e o design no relatório são essenciais para garantir que as partes interessadas entendam as mensagens de maneira clara. O relatório deve ser, também, encantador, com seções bem definidas, linguagem acessível e evitando jargões internos.
Visualmente, é bem importante a hierarquia de informações. A maioria dos relatórios apresenta os big numbers logo nas páginas iniciais, para que as informações de destaque sejam descobertas rapidamente.
Para o restante, utilize gráficos, tabelas, imagens que complementem as informações. Não é porque é um relatório que deve ser difícil de ler, com dados jogados e um texto pesado. Torne a leitura dinâmica com um design que atraia e transmita ainda mais o comprometimento com a apresentação dessas informações.
Adequação a Padrões Internacionais
Os padrões são essenciais para tornar as informações apresentadas mensuráveis e comparáveis, permitindo uma leitura mais justa para analistas externos.
Organizações de grande porte como a Raízen seguem as orientações da Global Reporting Initiative (GRI), como guia do relatório.
Além dessa instituição, a Raízen segue os padrões internacionais como Indicadores do Sustainability Accounting Standards Board (SASB); Métricas do Capitalismo Stakeholder, do World Economic Forum (WEF); Recomendações da Task Force On Climate-Related Financial Disclosures (TCFD); e Estrutura Internacional para Relato Integrado, do International Integrated Reporting Council (IIRC); além de Premissas de transparência de índices e ratings relevantes nas áreas ambiental, social e de governança, como o Dow Jones Sustainability Index (DJSI) e Índice De Sustentabilidade Empresarial (ISE B3).
Com a mudança para o Relatório Integrado, a Raízen se prepara para a adoção das Normas IFRS de Divulgação Financeira sobre Sustentabilidade (S1 e S2), em atendimento ao cronograma previsto na Resolução 193/2023 da Comissão de Valores Mobiliários do Brasil (CVM).
Estudo de caso: Relatório Integrado da Raízen
No caso do Relatório Integrado da Raízen, é possível ver logo na apresentação a lista de rigorosos padrões internacionais que são utilizados. A empresa divulga seus resultados sempre seguindo o ano-safra, que vai de abril a março.
A Raízen traz no início do relatório o mapa de atuação global e as novidades na produtividade agrícola. Posteriormente, lista as inovações para o setor e os resultados de suas soluções próprias, como a Raízen Power, uma novidade da safra 23/24.
Nessa safra, como estratégia para a divulgação de suas informações de sustentabilidade, a Raízen vem disponibilizando seus dados de forma otimizada e acessível. As informações qualitativas foram compiladas em um documento PDF, enquanto os dados quantitativos foram organizados em um arquivo Excel, denominado 'Central de Indicadores'. Essa estrutura foi desenvolvida com o intuito de proporcionar uma experiência de leitura mais fluida, permitindo que o leitor absorva os insights principais de forma objetiva no PDF, ao mesmo tempo em que pode explorar em profundidade os indicadores-chave no arquivo Excel. As abas do Excel são segmentadas por temas cruciais, como Mudanças Climáticas, Gestão Agrícola, Diversidade & Inclusão, e Direitos Humanos, oferecendo detalhes minuciosos e observações relevantes sobre os avanços alcançados nessas áreas estratégicas."
Esse formato garante que tanto a análise qualitativa quanto quantitativa estejam acessíveis, atendendo às necessidades de diferentes perfis de stakeholders e promovendo a transparência das práticas de sustentabilidade da Raízen.
Para finalizar, são apresentadas as seções de governança, pessoas (focado nas pessoas colaboradoras), relacionamento com as comunidades e o desempenho financeiro. Nos anexos, apresentamos indicadores seguindo os conteúdos do GRI.
Como implementar insights do Relatório de Sustentabilidade da Raízen no seu negócio
A cada ano-safra, a Raízen procura lançar um relatório mais atualizado e acessível para todo o público. A quantidade de informações é grande, portanto, pode ser um desafio se a empresa não se preparar para organizar todo o material. Após anos produzindo Relatórios de Sustentabilidade e, mais recentemente, aderindo ao Relatório Integrado, podemos trazer os seguintes insights:
Antecipação dos dados prévios
O que pode ser antecipado de dados prévios? A organização de um relatório de sustentabilidade começa no início do ano-safra. Se um fato importante acontece nos primeiros meses, inclua em um banco de dados, salve em pastas. Desenvolva o material ao longo do ano, e não somente perto do seu lançamento.
Integração entre os times
É uma preparação longa e que não é feita por só algumas pessoas ou um único time. A integração se dá entre diferentes setores e não deve ser responsabilidade apenas da área de sustentabilidade ou de comunicação. Envolva todos os ativos da empresa para um relatório mais completo.
Olhar para o passado
Revisitar o relatório do ciclo anterior é uma opção de aprendizado, percebendo pontos de melhoria para a nova versão. Além disso, existem pontos que podem ser reaproveitados, afinal, construções como missão da empresa ou compromissos públicos de longo prazo, não mudam de um ano para o outro. É importante, ainda, que o padrão do relatório seja parecido com o anterior, sem mudanças drásticas de visual ou de formato. Isso facilita a visibilidade do histórico para uma pessoa analista interessada.
Comunicação e engajamento
Como diz o ditado, o que não é visto, não é lembrado. Portanto, tão importante quanto estruturar um bom relatório de sustentabilidade é a estratégia de comunicação para divulgá-lo. O relatório pode receber destaque no site da empresa, em uma aba específica própria para a temática da sustentabilidade. Além disso, as mídias sociais são uma forma de impulsionar o conteúdo:
- YouTube: faça um vídeo com os highlights do relatório e convide o público a conferi-lo na íntegra ao final;
- Mailing: se você tem uma base de email com stakeholders, essa é a hora de utilizá-lo, de maneira atraente, para que todos conheçam o relatório;
- Instagram: com conteúdos rápidos, destacar pontos-chave do relatório e utilizar botões dos stories, por exemplo, para levar pessoas diretamente ao site com o relatório;
- LinkedIn: nessa rede de trabalho, você também pode fazer posts curtos, mas utilizando as terminologias necessárias à vontade, já que vai estar falando em uma comunidade com interesses de negócio.
Conclusão
Em resumo, os relatórios de sustentabilidade são, nos dias de hoje, uma ferramenta de estratégia e comunicação. Empresas contemporâneas não podem abrir mão de fazê-lo se quiserem se destacar e manter uma imagem de impacto positivo no mercado.
Ao elaborar um relatório de sustentabilidade, organizações demonstram visão de futuro, responsabilidade socioambiental e posicionamento para vencer os desafios da vida em sociedade. Investir na criação de um relatório bem estruturado é essencial para o sucesso das organizações.
Relatório Raízen Ano-Safra 23/24
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